

Dentro de nós temos um artista que vive querendo sair. Pois a ordem é liberar
a criatividade. Desde criança, cresci ao lado de um artista; meu pai. Na fazenda
dos outros onde morávamos, ele arrendava pedaço de chão e fazia plantação de fumo.
Quando madura a colheita, ele reunia trabalhadores; colhiam e preparavam até
formar os rolos de fumo, para depois serem vendidos.
A família foi aumentando, as dificuldades foram aparecendo; ele montou uma sapataria.
Que na verdade fabricava: botina, alpercatas de couro e chinelos rasteiros; eram
suas próprias mãos que faziam. Também consertava calçados.
Pouco tempo depois a renda não era grande coisa; montou uma padaria. Quitandeiro
de primeira. Fazia "quebrador", que era bolacha de polvilho; doce de "ameixa", que
era feito de queijo, depois enrolava na forma de bolinho, e passava no açúcar
refinado. Fazia um pudim cortado em pedaços, que era irresistível.
Minha mãe fazia pirulitos; que eram colocados numa grade redonda com furinhos, onde
íam sendo postos na forma de cone.
Eu com 13 anos de idade, presenciando os apertos em casa; fui lecionar numa fazenda
para 25 alunos. Com apenas a quarta série primária, muito responsável, e muita vontade de ajudar meus pais.
E você? Que tipo de arte te atrai? Gosta de pintar, escrever, dançar, cantar, tocar
violão, esculpir ou sair por aí, com uma câmera digital e muitas idéias na cabeça?
Mesmo que nunca tenha tentado fazer qualquer uma dessas coisas, escolha a que mais
te agrada e tente. Faça algo que te deixa feliz. *O desejo do trabalho realizado;
é uma vontade firme de executá-lo*.
*Temos mãos vitoriosas, arrebatadoras, ostentadas e surpreendentes*.
O importante é criar um momento de ligação com seu lado artístico. Eu escolhi.
Continuei meus estudos e me formei para professora. Como também sentí uma atração
muito forte pelo colorido.
Daí comecei nas horas vagas, criando meus tapetes; chegava do colégio e começava
brincar com as cores e formas. Fui tomando gosto e me aperfeiçoando.
Pena que muitas pessoas não valorizam os trabalhos artesanais.
Hoje, aposentada pela Educação, faço esse trabalho com vontade e garra.
Além de aumentar um pouquinho a renda; é uma grande terapia.
*Temos mãos vitoriosas, arrebatadoras, ostentadas e surpreendentes